Lipoinflamação – Um mal de muitos pecados!
Saúde e Bem estar
Numa altura em que nunca se falou tanto de Pandemia, recorro ao artigo da conceituada revista científica “The Lancet” em 2012, para apontar para o Elefante na Sala que a sociedade teima em não querer aceitar. A Pandemia da obesidade e as suas consequências na saúde publica, consequências económicas, ambientais e sociais.
A obesidade define-se como um acúmulo anormal e excessiva do tecido adiposo. Este tecido tem caracteristicas complexas e é metabolicamente muito ativo, das suas funções destacam-se a manutenção do balanço calórico, a termorregulação, a modulação da função hormoral e reprodutiva, porém aquela que nos traz por aqui hoje é o papel direto que este tipo de tecido tem no processo inflamatório (Kawai et al 2020). Uma produção desequilibrada de pró e anti-inflamatórios adipocitocinas pelo tecido adiposo, contribui de forma crítica para muitos aspetos da sindrome metabólica (conjunto de fatores de risco de cariz metabólico), devendo assim a obesidade ser vista como um elementar contribuinte para o estado de inflamação sistémica crónica de baixo grau também conhecida como lipoinflamação (Itoh et al, 2011) (Izaola et al., 2015).
A inflamação sistémica de baixo grau ou lipoinflamação surge então como um mecanismo fisiológico chave para muitas patologias, entre elas doenças cardiovasculares, esteatose hepática não alcoólica, uma aumentada resistência à insulina bem como uma maior suscetibilidade de inflamação em outro tipo de tecidos.
Assim é cada vez mais inegável a relação entre este estado de inflamação sistémica de baixo grau (Lipoinflamação) com uma aumentada susceptibilidade à patologia, bem como inflamações mais locais. A presença desregulada de agentes pró inflamatórios resultantes do excesso de massa gorda em tudo contribuem para este tipo de acontecimentos.
Como resposta à Lipoinflamação surge a necessidade de melhoria e controlo da composição ‘’corporal, um elemento fundamental na manutenção dos níveis de massa gorda dentro de valores considerados saudáveis afastando assim o indivíduo de valores considerados de risco. Neste processo são fundamentais dois agentes de saúde, o profissional de Exercício Físico com o seu “Pollypill”, um Profissional que tem às suas mãos o “melhor medicamento do mundo” que quando ajustada a dose-resposta produz resultados de excelência que há muito tempo procuram ser mimetizados pela indústria farmacêutica, mas nunca com o sucesso e vantagens que este lhe pode conferir de forma direta e inequívoca. O segundo agente e não menos importante o Nutricionista, um profissional capaz de ajustar a alimentação tendo em conta as necessidades nutricionais de cada individuo, fornecendo um plano alimentar persnalizado obtendo assim um especial contributo na melhoria da qualidade de vida de quem o procura.
Mudanças comportamentais precisam-se! Assim o exercício físico e uma alimentação equilibrada assumem-se como importantes precursores na resposta anti-inflamatória e no combate a este estado. Cabe-nos a nós consumi-los na dose certa para aproveitar todas as mais valias que estes nos podem dar.
Pedro Filipe Pereira Gomes, Personal Trainer Fitness Factory Vale do Ave
Referências:
Itoh, M., Suganami, T., Hachiya, R., & Ogawa, Y. (2011). Adipose tissue remodeling as homeostatic inflammation. International journal of inflammation, 2011.
Izaola, O., de Luis, D., Sajoux, I., Domingo, J. C., & Vidal, M. (2015). Inflammation and obesity (lipoinflammation) Nutr. Hosp, 31, 2352-2358.
Kawai, T., Autieri, M. V., & Scalia, R. (2021). Adipose tissue inflammation and metabolic dysfunction in obesity. American Journal of Physiology-Cell Physiology, 320(3), C375-C391.