Dia Mundial da Luta Contra o Cancro - Importância da Atividade Física
Saúde e Bem estar
Hoje, dia 4 de Fevereiro, assinala-se por todo o planeta, o Dia Mundial da Luta Contra o Cancro, relembrando que milhões de pessoas vivem e sobrevivem com este diagnóstico.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (2005), a doença crónica, onde a patologia oncológica se enquadra, é atualmente a principal causa de morbilidade e mortalidade em todo o mundo, sobretudo nos países desenvolvidos.
Para a população portuguesa, o cancro representa a doença que carece de maior atenção e preocupação, na área da saúde, pela elevada taxa de mortalidade a que está associada.
O cancro consiste na proliferação anormal de células, que ao se agregarem, formam um tumor maligno. A sua deteção precoce, a instalação de tratamentos inovadores, como a imunoterapia e a promoção de uma qualidade de vida melhor ao longo de todo o processo, têm garantido ao longo dos anos de evolução médica, maiores taxas de sobrevivência, no doente oncológico. A investigação na área da Oncologia dota-se de especial relevância, pelo impacto social, familiar e económico que esta patologia representa na vida do indivíduo e sociedade, sendo inquestionavelmente necessária. A par da sua prevenção, causas, desenvolvimento e tratamento, importa cada vez mais aprofundar conhecimentos sobre a melhoria da qualidade de vida das pessoas com cancro, durante e após o tratamento.
A qualidade de vida para todos os indivíduos, independentemente da sua idade, género ou situação de saúde, está intrinsecamente ligada ao seu estilo de vida, à sua alimentação, ao seu nível de atividade física… Assim, sabendo-se dos inúmeros benefícios que o exercício físico regular reproduz na saúde, também no cancro, este tem um importante papel. Não só na sua prevenção, como também, durante o tratamento oncológico e mesmo no período de convalesça ou sobrevida após doença cancerígena.
Sendo extensa a investigação feita na área dos fatores de risco para o desenvolvimento de cancro, sabe-se hoje que cerca de 1/3 de todas as mortes por cancro estão relacionadas com a dieta e a níveis de atividade física, através da presença de excesso de peso, obesidade e prática de exercício físico.
Ser fisicamente ativo, não só ajuda a reduzir o risco de cancro, pelo controlo do peso, mas também pela regulação hormonal que este provoca, mediando positivamente a produção de estrogénio, insulina e outras hormonas que afetam diretamente a evolução da doença oncológica, melhorando concomitantemente o funcionamento do sistema imunológico no combate à doença.
A investigação científica nesta área, aponta a prática de exercício físico como segura durante os tratamentos para o cancro, melhorando a fadiga, a ansiedade e a auto-estima do indivíduo. A atividade física aumenta a sobrevida, diminuindo a probabilidade de recidiva da doença.
O sobrevivente do cancro tem que aprender a autogerir a sua doença, protegendo a sua saúde, monitorizando e gerindo sinais e sintomas, minimizando o impacto que esta representa na sua vida pessoal, familiar e social. A fadiga, sintoma mais relatado em todas as fases da doença, torna-se crónica, traduzindo-se num significativo desgaste físico e emocional, afetando o bem-estar e qualidade de vida do indivíduo. Vários estudos verificaram que a prática de exercício físico e a conservação de energia são fulcrais na gestão eficaz desta fadiga, ao longo de todo o processo de sobrevivência ao cancro.
Sabendo-se que o prognóstico, a forma de encarar a doença e a própria evolução da mesma estão intrinsecamente ligados ao modo como o indivíduo encara o diagnóstico de cancro, o facto de este manter a sua atividade física habitual ou mesmo aumentando-a, sob aconselhamento médico, produzirão efeitos positivos através da melhoria da composição corporal, da diminuição da fadiga e da atenuação de possíveis consequências psicológicas. Assistir-se-á assim, à promoção da qualidade de vida, evitando que a pessoa com doença oncológica entre num ciclo vicioso de deterioração da condição física e agravamento da fadiga.
Ana Teresa Maurício
Enfermeira no Centro Hospitalar do Oeste
Diretora de Clube do Fitness Factory Nazaré
Bibliografia:
-https://www.ligacontracancro.pt/nutricao-e-actividade-fisica/
-Peixoto et. all (2016). Estratégias de autogestão da fadiga nos sobreviventes de cancro: revisão sistemática da literatura. Revista Enfermagem Referência. Série IV, nº 10, pp. 113-123.
- Rodrigues, M. (2015). Atividade física e sobrevivência em doentes com cancro da mama (Dissertação de Mestrado em Medicina). Universidade da Beira Interior- Ciências da Saúde.