Devo comer tudo o que leio?
Nutrição
Será um produto “light”, “fonte de proteína” ou “baixo em açúcares”, sempre a melhor opção?
Para responder a esta questão, será importante analisar e compreender a informação presente no rótulo alimentar de um género alimentício.
Um rótulo alimentar define-se como um “conjunto de menções e indicações, marcas de fabrico ou comerciais, imagens ou símbolos, referentes a um género alimentício, que figurem em qualquer embalagem, documento, aviso, rótulo, anel ou gargantilha que acompanhem ou se refiram a esse género alimentício”. Nele devem constar todas as informações necessárias (sendo que existem algumas de presença obrigatória e outras opcionais) capacitando o consumidor a realizar uma análise atenta do produto, para que possa tomar uma decisão consciente.
De entre as informações presentes num rótulo alimentar, vamos abordar a declaração nutricional, que inclui o valor energético do produto (quilojoule (kJ) e quilocaloria (kcal)), quantidade de lípidos (gorduras) e ácidos gordos saturados, hidratos de carbono e açúcares, proteína e sal (todos estes em gramas), por 100 gramas ou 100 mililitros de produto.
Certamente já viste, no conjunto de alegações nutricionais que podem constar na rotulagem alimentar, denominações como “light”, “sem adição de açúcares/gorduras”, “baixo em açúcares/gordura”, “fonte de proteína/fibra”. Mas, será que estas informações enganam o consumidor? Não.
Para que um alimento seja considerado “baixo em açúcares/gordura”, por exemplo, terá de apresentar, obrigatoriamente, um valor limite, expresso em gramas, do nutriente em questão
Num produto “light”, deverá observar-se o reforço do teor de um ou mais nutrientes, excetuando vitaminas e minerais, em, no mínimo, 30% em relação a um produto semelhante.
Ora, isto não significa que estes produtos sejam, automaticamente, a melhor opção da prateleira. Quando ocorre uma redução, por exemplo, de gordura de um produto alimentar, pode existir, simultaneamente, um incremento de outro nutriente, por exemplo, hidratos de carbono. O mesmo poderá ocorrer num processo inverso, onde podemos encontrar um produto que tenha sofrido uma redução de açúcares, mas um aumento na quantidade total de gordura. Isto é, um alimento com uma “redução de açúcares/gordura”, não tem, necessariamente, que apresentar um valor energético (quilocalorias) inferior ao produto original, exatamente devido a essa recomposição de nutrientes que muitas vezes acontece.
Se ambicionas adquirir um alimento com um valor energético menor ou com uma composição nutricional mais interessante em relação a um produto na sua versão original, deves atentar nas informações que os rótulos alimentares fornecem.
Assim, no momento da compra de um produto que possua uma determina alegação nutricional, deve ser adotada uma postura crítica e atenta, que permita tomar decisões conscientes e não cair na “teia do marketing”. Em suma, nenhuma alegação deve ser suficiente para induzir a aquisição de um género alimentício.
Filipe Vicente - Nutricionista Fitness Factory Peniche